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As perguntas mais estúpidas que fazem aos corredores

As perguntas mais estúpidas que fazem aos corredoresDesde que comecei a participar em provas, pouco tempo depois de ter começado a correr, que sou frequentemente abordado por familiares, amigos e conhecidos “não corredores” com perguntas mais ou menos engraçadas, a maior parte pouco, ou nada, pertinentes sobre a corrida, principalmente sobre a participação nas ditas provas.

Se é verdade que, às vezes, essas perguntas chateiam um bocadinho, a maior parte das situações divirto-me a responder:

1 – “Em que lugar ficaste?”

À frente do último.

Bem… houve uma vez em que não pude responder isto, porque o último fui eu. Também costumo responder “não sei, mas fiz XXhYYm”, ou “à minha frente não sei, mas ficaram XX atrás de mim” (costumam ser muito poucos…).

A sério, pessoas que não correm, acham mesmo que é isso que nos faz correr? Numa prova com milhares de pessoas, vamos lá para saber em que lugar ficamos? Ou, num trail em que passamos a maior parte do tempo sozinhos no meio do monte, é isso que importa?

2 – “Não te cansas de correr tantos kilómetros?”

Ao fim de 500 metros já estou cansado. O segredo está em aguentar a partir daí.

3 – “Como é que passas tantas horas a trabalhar e depois ainda tens vontade de ir correr?”

Normalmente corro para descansar.

Acho que as pessoas não corredoras valorizam muito isto do cansaço, não concordam?

4 – “Vais o tempo todo a correr?” (normalmente quando vou a Maratonas ou Ultras)

Achas que se fosse sempre a correr tinha feito este tempo? Tenho que parar para comer, ir ao WC e ver a paisagem!

5 – “Tu comes nas provas? Mas comes e corres ao mesmo tempo? Não te faz mal comer durante o exercício?”

65km, 3.500m de desnível positivo, um dia inteiro no monte… Acho que mal faria se não comesse qualquer coisinha, não era?

6 – “Se chovesse tinhas corrido na mesma?” (perguntaram-me isto quando fui à Maratona de Barcelona e aqui no Porto estava um temporal de fim do Mundo)

Ora, eu ia daqui para Barcelona só para ver as vistas. Até porque o Ronaldo e o Messi, quando chove, também não jogam à bola. Mais depressa deixo de correr por estar sol, do que por estar chuva. Além disso, inscrição, avião, hotel… e ia deixar de correr por causa da chuva?

Amigos, já fiz treinos e provas, nos quais a chuva era tanta, que eu só podia olhar para os pés do tipo que ia à minha frente. Agora… pensem!

7 – “Olha que correr tanto faz mal!” (isto é mais um aviso do que uma pergunta, mas…)

Claro que faz. A mim fez tão mal, que deixei de comprar bombas para a asma, emagreci e fiz coisas que nunca achei ser capaz.

O que faz bem à saúde é ficar sentado no sofá a dar bitaites a quem corre.

8 – “Mas porque é que corres?”

Agora a sério.

Ao ver a minha mãe com um cancro em fase terminal, dei por mim a pensar que tinha que fazer algo pela minha saúde. Comecei por pedalar numa bicicleta fixa que tinha lá em casa, enquanto via episódios dos Monty Phyton. Pedalava uma hora, 3 vezes por semana. Mas, um dia, os pedais da bicicleta rebentaram. Calcei umas sapatilhas e corri meia hora. Depois 35 minutos. Depois 45, 50, uma hora, hora e meia… No velório da minha mãe, alguém me convenceu a inscrever-me na Meia Maratona do Porto.

Hoje estou aqui com dez maratonas de estrada, várias ultra-distâncias, muitos kilómetros percorridos e uma enorme vontade de continuar a cansar-me, a correr à chuva, ao sol, na neve, a comer, a beber e sempre a fugir do último, mesmo que o último seja eu.

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António Pinheiro
António Pinheiro
Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

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