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Correr por Prazer na Maratona de Sevilha

A participação em Maratonas começa com um planeamento minucioso ou então com a simples conversa de “o que te parece irmos à Maratona e fazer turismo naquela Cidade?” O caminho para Sevilha começou com a segunda opção, uma decisão de improviso.

Os elogios a esta prova na Andaluzia: Vamos, Siga para Sevilha!

Escolher a Maratona Internacional mais Portuguesa e numa cidade encantadora como Sevilha, significa procurar ruas repletas de espetadores onde confundimos se estamos em Portugal ou Espanha, ouvindo “Venga, Venga, Ánimo” ou “Força, força”. Essas são as mesmas ruas onde fora da prova, conseguimos encontrar a melhor gastronomia Espanhola e apreciar os deslumbrantes recantos com a beleza das influências Árabes. Onde durante os 42km, em cada momento de esforço e dificuldade, a força que vem desse ambiente exterior nos torna mais fortes e nos leva a chegar onde achávamos não ser possível. Para quem gosta de se superar, sair do seu canto de conforto e sentir aquele “medo” especial de correr uma Maratona, tentando melhorar a sua performance, Sevilha é o local perfeito.

A Viagem e Chegada a Sevilha

Viagem Porto – Lisboa para chegar ao ponto de encontro no aeroporto de Lisboa, onde no final de Sexta-Feira tínhamos voo para Sevilha. Nesta Maratona, muitos são

Jorge Corrula, Catarina Gouveia

os Portugueses que aproveitam para se deslocar de carro e fazer um misto de convívio e turismo entre amigos.

Ainda em Lisboa, conhecemos a comitiva da viagem para Sevilha. Uma equipa de representantes da New Balance composta por Jorge Corrula, Catarina Gouveia e Fátima Neto. O Jorge já tinha tido uma experiência na Maratona, com a presença em New York 2017, mas a Catarina e a Fátima estavam pela primeira vez num evento como este.

A deslocação de avião dura cerca de 1h e permite chegar rapidamente a Sevilha, sem o cansaço inerente à viagem de carro. Para correr ou simplesmente em modo turista, a viagem de avião é uma opção muito comoda e rápida. Em breve chegam os voos Porto – Sevilha.

Chegando ao aeroporto da Capital Andaluz, o Táxi é a melhor forma de nos levar ao alojamento, visto não existirem os serviços alternativos como em muitas cidades Europeias.

Esta é a noite em que desligamos da azáfama do trabalho semanal e começamos a pensar a relaxar para terminar uma Maratona.

O dia pré-prova e a Expo Maratona

Quando vamos a uma Maratona e juntamos férias na Cidade da prova durante alguns dias, existe margem para no dia antes da prova sentirmos aquele stress pré-corrida. Se vamos apenas no dia anterior, corremos a prova e voltamos, é um erro não aproveitar o melhor da cidade e ser vencido pela ansiedade do momento.

Deixamos essa ansiedade em casa e aproveitamos esse dia para passear pela zona histórica de Sevilha, almoçar e jantar a comida especial que Sevilha tem para nos proporcionar, desfrutar da Expo Maratona e descansar.

Dedicámos a manhã à Expo Maratona, onde a beleza exterior do edifico nos cativa a permanecer uns minutos na rua e analisar todos os detalhes do mesmo. Ao entrar, a simpatia de todos os espaços existentes, deixa-nos com vontade de visitar todas as lojas e aproveitar cada uma das atividades preparadas para a verdadeira diversão de todos: uma simulação do famoso muro dos 30km, uma rua com copos e mesas a voar e as muitas atividades preparadas pela New Balance.

Entre Maratonistas e o recordista de Espanha dos 100km, a conferência de imprensa deixa-nos entusiasmados para o desafio do dia seguinte. Saboreamos a tradicional pasta party, despedimo-nos do “Fibes Sevilha” e aproveitamos a tarde para passear pela cidade.

Tic Tac Tic Tac… os últimos momentos antes da prova

No final de Sábado, enquanto as ruas se enchem de verdadeiras multidões de pessoas, a nossa mente pensa no momento certo para descansar e no que comer até à prova. A regra é sempre “Não Inventes”.

Entre montras que nos tentam a experimentar as melhores Tapas, a melhor gastronomia, mudamos apenas para um “Não arrisques demasiado na comida”.

No hotel, preparar todo o material para o dia seguinte e às 23h dormir para acordar em modo de Maratonista! A qualidade do sono, acaba por ser mais importante do que deitar muito cedo na noite antes da prova. Conseguimos isso, porque deixamos a ansiedade em casa e encaramos a prova em modo “Correr por Prazer”.

6h acordamos, equipamo-nos e chega a hora de outro momento decisivo… o pequeno-almoço antes da Maratona. Não é hora de inovações, evitar comer algo fora da nossa rotina habitual e juntar as energias para o grande momento.

O autocarro da New Balance leva-nos até ao local da partida e aí não há escolha… a entrada junto da multidão de participantes, deixa-nos com aquela sensação no estômago igual ao Exame da Faculdade em que não podíamos ter má nota.

A prova

Ouvimos os speakers falarem na Madrinha Rosa Mota, sentimos a inspiração de uma grande campeã e o orgulho que é ter uma Portuguesa a ocupar essa posição numa prova de “Nuestros Hermanos”. Concentração, aquecimento, últimos detalhes do plano para a prova, controlar o entusiasmo de estar dentro daquele ambiente e… estamos quase!

Nesta edição havia uma prova paralela à Maratona reservada para os representantes da New Balance no local. Apesar de ser uma prova não oficial, a partida era no meio da multidão maratonista. Para atletas que não costumam correr grandes distâncias, foi a melhor oportunidade para se sentirem “quase maratonistas”. Estão presentes no começo de algo grandioso, no começo de um objetivo para que muitos treinaram…no começo da Maratona!

Contagem decrescente e começam os primeiros metros, esquecemos os quilómetros que faltam e apenas nos focamos no momento, em seguir um ritmo confortável e que nos permita fazer um tempo que não nos desiluda. 10km, onde vemos o pórtico da New Balance que representa o final da prova paralela à Maratona e pensamos “podia ter vindo apenas a esta prova… podia mas não era a mesma coisa”.

A Maratona não começa aos 30 ou 33km, aí apenas começamos a pagar a fatura da preparação que não fizemos, da má alimentação ou simplesmente, é o momento onde a nossa mente tem de ser mais forte do que nunca. A Maratona começa, desde o início, a alimentação e hidratação desse os primeiros quilómetros é um dos segredos para chegarmos ao muro e ele não ser de “betão, mas sim apenas de papel”. 10, 15, 20, 25, 30km… nunca falhar o plano para a prova e chega a altura de pensar “aos 35km chegamos à Praça de Espanha e depois o apoio nas ruas é de tal dimensão que nos leva até ao final”. Nunca é bem como planeamos, o cansaço já se sente e acima de tudo, o carinho, o ânimo, a força e a energia de cada “Venga, Venga” não se consegue prever!

Entretanto, o resto da equipa Correr por Prazer + New Balance assistia aos atletas a chegar. Os primeiros classificados na geral seguidos dos primeiros classificados no Campeonato Nacional Espanhol seguidos das primeiras mulheres. O ambiente estava fantástico, como era de prever numa maratona internacional como esta.

38, 39, 40km… e começa a questão “onde está o estádio?”. Ali já nada nos pode parar, quando finalmente conseguimos ver a entrada para o estádio, as emoções sobem rapidamente ao nosso cérebro. Iniciamos a descida para a pista do Estádio e conseguimos confundir, cansaço, emoção e felicidade! Volta à pista e são os últimos metros, onde conseguimos procurar os nossos amigos na bancada e sprintar a caminho de passar o pórtico final pensando: sou de novo Maratonista!

Por mais que se façam planos, nada é certo numa Maratona, o decorrer da prova tem sempre muito de diferente e especial mas… o que não se consegue mesmo prever são as emoções no final! O conforto dos nossos amigos, a felicidade, o sentimento de superação, nada disso se consegue prever, é o momento que o proporciona.

A Maratona de Sevilha é especial no carinho que sentimos e na motivação que isso nos dá! Terminamos e ainda continuamos a pensar “Venga, Venga”, demora a desligar!

O pós prova

Vamos retornando à calma, partilhando as emoções com os nossos amigos, os momentos em que achamos não ser possível, quando sentimos que a nossa mente foi mais forte que o nosso corpo. Aproveitar a cidade e o espírito da corrida entre amigos, tornando o pós-prova num momento de descontração e felicidade. O que podia correr melhor, os “ses”, ficaram nos 42km e são para analisar mais tarde com calma e tranquilidade.

Sentimos que fizemos mais uma Maratona com prazer, superamos as limitações do nosso corpo e mente e, por isso, devemo-nos sentir Maratonistas!

A viagem de volta

Enquanto o corpo descansava, fizemos umas pequenas perguntas à Catarina e ao Jorge. Ficámos com curiosidade para saber o que sentiram no meio daquele ambiente fantástico. Começámos pela Catarina:

CP: “Não pude deixar de reparar que ficaste bastante emocionada ao ver os atletas a terminaram as suas provas. O que sentiste?”

C: “Eu acredito muito na nossa capacidade pessoal de superação e, estar a assistir pessoalmente aquelas constantes superações individuais era a confirmação da minha crença. Foi das poucas oportunidades reais que tive de estar a ver essas superações e foi mesmo muito emocionante e não consegui controlar a emoção.”

CP: “Depois desta nova experiência que certamente gostaste, deves conseguir completar a seguinte frase: Correr por Prazer é…?”

C: “Uma experiência a que todos se deveriam propor! Pode haver aquele preconceito que correr é difícil, mas quando se corre por prazer, é uma experiência maravilhosa. É meditativo, é uma oportunidade de estarmos connosco enquanto indivíduos na sua totalidade: mente, corpo e espírito.”

O Jorge transmitiu-nos de seguida o que sentiu nesta viagem a Sevilha.

CP: “Sei que já tiveste uma experiência na Maratona de New York. Sabias como era este ambiente. O que foi diferente em Sevilha? Como foi estares de volta a estas andanças?”

J: “Foi nostálgico. Fiz a maratona em Novembro do ano passado mas há já algum tempo que não treinava nem ambicionava tão depressa fazer outra maratona de maneiras a que só vim fazer os 10km. Fiquei com vontade de treinar mais! Esta prova tem a particularidade de ter uma comunidade de portugueses muito grande de maneira que há muito apoio para nós portugueses. É uma prova muito bem organizada e que compensa pegar no carro e visitar Sevilha durante um fim de semana e aproveitar para fazer a maratona.”

G: “Para ti, Correr por Prazer é…?”

J: “Correr contra as tuas dificuldades, correr com música, correr com amigos, aproveitar a camaradagem da corrida que é algo fantástico! Correr não é só montares-te nas pernas e ter o objetivo de fazeres quilómetros. Correr para sofrer é algo que eu não entendo. Se queres ter prazer na corrida, tens que treinar!”

Terminamos assim mais um episódio da série “Correr Maratonas por Prazer”!

Crónica de Hugo Água e Gonçalo Dias

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Gonçalo Dias
Gonçalo Dias
Colabora com o Correr Por Prazer desde 2014.

1 COMENTÁRIO

  1. Parabéns por mais esta superação!! 🙂
    Fico à espera de uma crónica da próxima prova (brevemente) de como correr uma maratona sub 3h!!! 😀

Comentários estão fechados.

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