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Nutridúvidas – Porque não perco peso?

Isso de eu corro logo gasto, logo posso comer, a meu ver não dá resultado pois eu tenho 96 kgs , faço 3 dias por semana ciclismo com voltas de 2:30, gasto calórico a rondar as 1300 kcal e ao domingo volta de 4/5 horas com gasto calórico a rondar as 3000 kcal e o meu peso não baixa.

Por vezes ainda corro 1 a 2 vezes por semana ..e evito comer os fritos e doces e tal e o meu peso não baixa …temos de ter em conta também os gasto calórico basal e todas as calorias ingeridas versus peso corporal pois eu com 96 kgs tenho um gasto calórico basal superior ao de um individuo com 70kgs….

Resumindo, eu para perder peso tenho de ter uma dieta rigorosa ou então o meu corpo, devido ao excesso de treino já não queima o que aparece no pulsometro?

Rui

Comentário feito ao artigo: Corro logo queimo calorias

Olá Rui,

O artigo em questão que comentou dirigia-se especificamente ao que conseguimos queimar quando corremos, motivando alguns utilizadores a utilizar os treinos como forma de queimar os excessos na alimentação.

No entanto, a alimentação não pode viver de excessos, nem daquele tipo de alimentos (sobremesas, bolos, etc.) nem de quantidades excessivas mesmo dos alimentos que frequentemente consideramos “saudáveis”  – cereais, pão escuro, carne, peixe, ovos, etc.

Emagrecer depende de um défice calórico, portanto as calorias ingeridas através da alimentação têm de ser menos do que as gastas pelas atividades do dia-a-dia e as necessárias para as funções vitais. Para poder criar esse défice calórico é naturalmente necessário estimar – as calorias que o seu corpo queima em repouso, quanto queima no exercício e as calorias que ingere na alimentação.

No que diz respeito ao que queima no exercício, os pulsómetros e outros aparelhos nem sempre dão uma ideia 100% correta do gasto, muitas vezes sobrestimam. Mas é uma indicação obviamente. Faltaria portanto assegurar que as calorias ingeridas não são mais do que as gastas entre o treino e o dia-a-dia.

O que lhe recomendaria, e vai ser falado brevemente num artigo, é que analise o seu padrão de consumo. Hoje em dia encontra inúmeras ferramentas online como o Fatsecret ou o Myfitnesspal que lhe permitem estimar quanto ingere em calorias e macronutrientes por dia. Além disso, tente eliminar excessos: salgados, bolos, bolachas, açúcar no café/chá, refrigerantes, bebidas alcoólicas e diminui a frequência com que faz os excessos de doces, etc. Melhore progressivamente as suas escolhas e vá melhorando a alimentação aos poucos.

Bons treinos,

Filipa Vicente

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Filipa Vicente
Filipa Vicente
Nutricionista (CP1369N) e Professora universitária (IUEM). Escreve para o Correr Por Prazer desde a sua criação em 2008. É essencialmente uma facilitadora de escolhas na busca da melhor versão de nós mesmos. Site oficial: https://nutrium.io/p/filipavicente/blog

6 COMENTÁRIOS

  1. Olá
    Se me permitem, acho que o Rui tem muita razão naquilo que diz e digo isto porque passa-se exactamente o mesmo comigo. Neste momento tenho cerca de 95k e desde o dia 1 de Agosto que começei a intensificar os treinos para a Maratona do Porto, já corri até a data de ontem 170Km e posso dizer-vos que aumentei de peso em quase 2k. Não como salgados, fritos, como um ou dois bolos por mês, refrigerantes, acho que na sexta-feira bebi a minha primeira cola deste ano. Por aquilo que faço gasto cerca de 7000 calorias por semana só em corrida mais o gasto normal não acredito que o consumo das mesmas seja superior ao gasto. Em resumo não deve ser só pelo défice calórico que se vai conseguir perder peso, há mais qualquer coisa escondida.

  2. Bom dia Filipe,

    Esse ganho de peso pode ser ganho de massa magras sobretudo se incorporou algum tipo de trabalho de força no treino (séries, rampas, treino funcional). Não é muito frequente em corrida mas pode acontecer.

    Sugiro-lhe o mesmo que sugeri ao Rui, monitorize a sua ingestão energética através de uma ferramenta simples como o myfitnesspal.

    Enganamo-nos muito facilmente e subestimamos a nossa ingestão energética, sobretudo quando baseamos a nossa alimentação em “alimentos que os outros dizem que não engordam”.

    Ou seja, não é “não comer fritos, beber cola, etc” que o faz ou não emagrecer. Até pode engordar ou não emagrecer a comer massa, arroz com frango, peixe cozido com batatas.

    É o défice calórico que promove a perda de GORDURA corporal, isso está mais do que comprovado. Quantas calorias são necessárias para produzir essa perda é que normalmente se desconhece porque embora a termodinâmica seja uma ciência exata, o nosso corpo não é termodinamicamente constante. Não há portanto uma relação X calorias – Y gramas de gordura perdidos.

    Essa perda de GORDURA nem sempre se traduz numa perda de peso proporcional porque água, músculo e gordura contribuem de forma distinta para o nosso peso corporal. O músculo pesa mais porque, além de glicogénio, acumula água. A gordura ocupa mais volume mas “pesa menos”.

    Ou seja, a nossa massa muscular pode contribuir mais para o peso do que a gordura.

    Mais, se é o seu caso, a restrição calórica prolongada pode causar dano metabólico levando-nos a não emagrecer (e até ganhar gordura) com uma baixa ingestão energética. Chama-se a isso “modo de sobrevivência” e é muito frequente em indivíduos que “fazem dieta”.

    E por fim, a estimativa de queima calórica é sobrestimada (e não subestimada). E tão importante como as calorias queimadas durante o exercício, é o efeito pós-exercício, infelizmente a corrida lenta contínua não tem o mesmo impacto que um treino intervalado e sobretudo que um treino de força.

    Seja como for, é sempre interessante monitorizarmos a ingestão calórica porque podemos ter muitas surpresas com um diário. E curiosamente, comer menos (ou pouco demais) também não é boa prática. Há que estabelecer um equilíbrio.

    O peso pode ser um indicador mas não é o único até porque o “peso de forma” de muitos atletas pode mudar de acordo com as caraterísticas do indivíduo.

    Mas isso é uma longa história até porque o emagrecimento é uma verdadeira ultramaratona e não um sprint!

    Bons treinos!

  3. obrigado filipa e e filipe pelos vossos comentarios de facto e para resumir eu ingiro muitas calorias embora tb gaste muitas ,mas quando fazia mais treino de força aliado á corrida e indoor cycling consegui perder mais rapidamente peso ,ou seja actualmente só faço ,corrida ,btt e ciclismo ,pouco ou nenhum trabalho de força …e quando estava no gyn fazia aulas de bodypump,sala pesos livres indoor cycling , sauna ,banho turco e talvez esta combinaçao seja mais poderosa no gasto calorico hum??
    mais uma vez muito obrigado Filipa pela sua resposta
    cumprimentos
    rui tavres

  4. Olá Rui,
    Exatamente, o trabalho de força com pesos e o próprio treino intervalado têm um efeito mais interessante especificamente pelo efeito pós-exercício. O nosso corpo fica a queimar durante mais tempo no pos-treino.
    Além disso, é mais propício ao ganho de massa muscular (magra) que é metabolicamente mais dispendiosa que a gordura o que leva o nosso corpo a gastar mais mesmo em repouso.

    Por isso, o conselho que dou a qualquer corredor é que incorpore sempre algum trabalho de força:
    – rampas e/ou séries por um lado como treino intervalado
    e
    – treino de força nem que seja funcional: agachamentos, lunges, peso morto, flexões no solo, elevações ou remada invertida constituem um circuito muito simples e que permite trabalhar todo o corpo de forma equilibrada.

    Sobretudo quando se pretende manter o peso e a gordura corporal sob controlo

    Bons treinos!

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