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Coma Massa, pela sua cintura

Coma Massa, pela sua cinturaEsqueça aquele conselho que lhe deram que diz que se quiser emagrecer e perder barriga, tem de deixar de comer pão, massa, arroz e batatas.

Tempo de leitura: 3 minutos

Ou pelo menos, deixe a massa no prato. O fator chave na alimentação para emagrecer é a adesão ao plano e curiosamente incluir massa parece ser um fator interessante para emagrecer e controlar o peso.

A massa faz parte de um padrão alimentar considerado saudável, equilibrado e mais do que reconhecido pelo seu papel preventivo nas doenças crónicas – a alimentação do mediterrâneo.

Este ingrediente glucídico tão apreciado na cozinha, utiliza como matéria prima a sêmola de trigo. Resultante de uma moagem incompleta do grão, a sêmola tem maior valor nutritivo do que a farinha uma vez que conserva maior percentagem do endosperma e com isso assegura a sua riqueza em vitaminas do complexo B e minerais como o fósforo, o ferro e o selénio, micronutrientes essenciais na saúde do corredor e em que a massa ganha clara superioridade ao arroz.

Adicionalmente, o teor de fibra é maior o que justifica o menor impacto glicémico (e índice glicémico) da massa quando comparada com arroz.

Os cereais e produtos de cereais inteiros, onde se inclui a massa, estão inclusivé associados a um menor risco de mortalidade por diversas causas incluindo cancro e doença cardiovascular 1,2 . A sua riqueza em vitaminas, minerais, fitonutrientes e fibra são argumentos mais do que suficientes para justificar este papel protetor que algumas filosofias alimentares continuam a ignorar.

Mais especificamente no controlo do peso e na cintura, os dados são igualmente favoráveis. Num estudo realizado numa população mediterrânea, com mais de 20 mil pessoas, mostrou-se uma relação inversa entre a ingestão de massa e o Índice de Massa Corporal assim como a obesidade abdominal 3.

Estes resultados confirmaram estudos anteriores, inclusivé o INTERMAP realizado nos EUA em que os níveis mais elevados de ingestão de fruta fresca, massa e menor ingestão de carne estavam associados a menor IMC4.

Mais recentemente, uma meta-análise e revisão sistemática concluiu que a ingestão de massa é mais favorável para a adiposidade e controlo de peso do que outros modelos alimentares de maior Índice glicémico5. E aqui fica a questão que vale 1 milhão:

Massa ou Arroz?

  • Do ponto de vista energético, por 100g em cru, não existem diferenças significativas entre massa e arroz

  • O teor de hidratos de carbono por 100g é igualmente similar tal como de proteína e gordura

  • No entanto, o teor de fibra da massa é superior (3 a 5%) ao do arroz branco (<1%) sendo que apenas o arroz integral tem teores similares de fibra (4%)

  • O mesmo acontece com as vitaminas do complexo B, nomeadamente a B1 e B2 que encontra em teores interessantes na massa e apenas o arroz integral consegue comparar-se

Numa perspetiva de valor acrescentado a massa ganha vantagem sendo igualmente mais interessante na versatilidade e facilidade em preparar, aspetos interessantes a ter em conta no momento de promover adesão ao plano alimentar, um fator chave no emagrecimento no lufa lufa do do dia a dia do corredor.

Referências

 1 Eur J Clin Nutr 2018; 72(1): 57-65

2 JAMA Intern Med 2015; 175(3): 373-384

3 Nutr Diabetes 2016; 6(7): e218

4 Am J Clin Nutr. 2012; 96(3):483-91

5 BMJ Open 2018; 8(3): e019438

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Filipa Vicente
Filipa Vicente
Nutricionista (CP1369N) e Professora universitária (IUEM). Escreve para o Correr Por Prazer desde a sua criação em 2008. É essencialmente uma facilitadora de escolhas na busca da melhor versão de nós mesmos. Site oficial: https://nutrium.io/p/filipavicente/blog

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