Dieta Paleolítica? Outra dieta? Parte I

A Dieta Paleolítica foi uma moda que pelos vistos veio para ficar. Inspirada nos hábitos alimentares da idade da pedra, estas escolhas alimentares tem vindo a revolucionar a cabeça dos desportistas portugueses e já encontramos alguns runners interessados numa nova filosofia alimentar. Mas em que consiste realmente a dieta paleolítica? E será que é uma boa opção para si?

Pensa-se que o período do paleolítico foi a era dourada da saúde humana, enquanto caçador o Homem era forte, ágil, ativo e muito saudável. Tinha recursos disponíveis limitados mas conseguia aproveitar muito bem o que estava à sua disposição e caçava como nunca. A teoria é que a transição para o período do Neolítico e sobretudo o período da revolução industrial, milhões de anos depois, foram os grandes responsáveis pelo aparecimento das doenças que mais matam em todo o mundo dito civilizado – doenças cardiovasculares, diabetes e cancro.

A culpa desta “evolução”, dizem os especialistas, não foi apenas da alimentação é mas do estilo de vida como um todo. O Homem passou a ser mais sedentário, recorrendo a máquinas para exercer atividades antes totalmente dependentes da força humana, se pensarmos bem até um aspirador pode ser um atentado à forma física, e os seus hábitos alimentares mudaram em consonância.

Os crentes dos princípios do Paeolítico, ou do que havia de bom na era Paleolítica querem por isso voltar ao passado e recuperar alguns dos bons hábitos alimentares e de estilo de vida desses tempos.

Uma dieta para emagrecer?

Atenção! Embora muito popularizada, como qualquer moda vinda dos EUA, a dieta paleolítica não é (ou era) uma dieta dirigida ao emagrecimento mas infelizmente, ou felizmente, o que mais vende é tudo aquilo que pode ser associado à maior epidemia do século XXI – o excesso de peso e a obesidade.

O emagrecimento depende de um défice calórico, ou seja, as calorias ingeridas através dos alimentos têm de ser menos do que as calorias despendidas pelo corpo para manter as funções vitais e durante as nossas atividades (físicas, intelectuais, profissionais, etc).

Podemos por isso comer tal e qual como um Homem das cavernas mas se não respeitarmos esse princípio simples, não emagrecemos pela mudança de escolhas. Embora possa ajudar mas indiretamente….

O cesto de compras do Homem das cavernas?

Vamos dividir os alimentos e seus grupos nos 3 macronutrientes principais mais os bónus:

  • Proteína – todo o tipo de carne mas principalmente vaca, vitela, búfalo, acreditamos que também tinha javalis, peixe e marisco. Podemos desde já dizer que não havia muitas galinhas no paleolítico por isso não tem de se alimentar de frango a toda a hora.
  • Hidratos de carbono – fruta e alguns tubérculos. É possível que nessa altura se encontrasse uma grande variedade de espécies de banana com composições distintas (imagine-se!) e de tubérculos muito semelhantes à batata e à batata-doce.
  • Gordura – se não havia muitas galinhas, não havia muitos ovos…pelo menos de galinha mas temos razões para acreditar que encontravam ovos de outras espécies e que este alimento tão nutritivo era um manjar para o Homem das cavernas. Tinha também sementes e frutos secos, além da gordura naturalmente presente na carne e no peixe, com composições muito distintas do que encontramos hoje.

O que não comia o Homem das cavernas?

É fácil! Tudo o que tivesse de ser transformado, processado, excessivamente cozinhado ou preparado com mais do que uma fogueira e dois paus. Esqueça portanto:

  • Farinha, pão, cereais no geral
  • Leite, imagine-se a correr atrás de um animal selvagem só para lhe tirar um copo de leite
  • Margarinas, manteigas e óleos vegetais
  • Leguminosas como o feijão, o grão, etc.

E além disso?

Pois, além de todos estas escolhas alimentares que acreditamos serem muito diferentes das de muitos indivíduos do século XXI, o Homem do Paelolítico era fisicamente muito ativo. E não precisava de ir ao ginásio para o efeito, além da caça que ocupava grande parte do dia, era nómada pelo que tinha de deslocar-se frequentemente para novos sítios longe de outros predadores.

Próximo artigo: Alimentação das cavernas no século XXI e na corrida

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Filipa Vicente
Filipa Vicente
Nutricionista (CP1369N) e Professora universitária (IUEM). Escreve para o Correr Por Prazer desde a sua criação em 2008. É essencialmente uma facilitadora de escolhas na busca da melhor versão de nós mesmos. Site oficial: https://nutrium.io/p/filipavicente/blog

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