...

A minha Maratona de Paris

A minha Maratona de Paris

Descrever o que se passa numa maratona dita grande, como é o caso da Maratona de Paris, não se pode dizer que seja tarefa difícil, dado que são muitos os dados, as descrições e os momentos. O que não é fácil, é passar a palavras as sensações de quem participou neste momento mágico que é o correr no meio de mais de 30.000 atletas, percorrendo um pouco mais de 42 Kms pelas ruas desta encantadora cidade.

A melhor maneira de se conhecer uma cidade é percorre-la a pé e fazê-lo por onde não se pode andar no dia a dia, ou seja, onde andam os automóveis e com a vantagem de usufruirmos do silêncio e dos efeitos nefastos à nossa respiração que estes nos provocam.

Estavam assim criadas as condições para um dia memorável, caso as condições atmosféricas assim o permitissem. E assim foi. Paris foi brindada com um dia de sol, ocasionalmente interrompido por algumas nuvens e com uma temperatura agradável, salvo algum frio inicial, facilmente colmatado com agasalhos que todos os atletas já habituados a estas andanças se fizeram acompanhar.

A PREPARAÇÃO

Dizem os maratonistas veteranos nestas andanças, que apesar de numa maratona se sofrer muito, o que custa não é o que se passa no dia da prova. Isso é o culminar, é a festa. O que custa é prepará-la. É “dar no osso” durante várias semanas (14 no meu caso) e aguentar (no caso das maratonas de primavera) quase todo o inverno sob o frio e chuva, de manhã ou à noite, roubando tempo à família e ao lazer, caso não se considere a corrida como um lazer. Para mim é, mas confesso que retiro tempo a outros prazeres da vida, facto que dificilmente será entendido com o prazer de cortar uma meta após completados os míticos 42.195m sob o olhar de milhares de pessoas, que nos vêem como guerreiros que acabaram de chegar de uma cruzada onde a vitória acabou de ser alcançada, ali sob a linha de chegada.

O QUE ANTECEDE UMA GRANDE PROVA ALÉM FRONTEIRAS

Após a preparação de 14 semanas, eis que chega o dia da partida, facto bem diferente da minha primeira maratona onde a deslocação a pé para a linha de chegada teria sido possível em apenas poucos minutos. Aqui há toda uma logística a ter em conta, onde nada pode falhar, como por exemplo o pormenor do equipamento separado da restante bagagem, de forma a acompanhar-me como bagagem de mão, não fosse o extravio da mesma deitar a perder tanto esforço e tantos sonhos. Aqui não facilitei. Podia-se perder tudo o resto, mas o que me iria acompanhar durante a prova estaria sempre junto a mim. Se na primeira experiência nesta distância toda a motivação estava concentrada no facto de ser a primeira vez, aqui eu tinha uma motivação extra, a presença da minha família, que me veio apoiar e aproveitamos assim uns dias para conhecer melhor a cidade luz. Claro que para além da motivação este facto trás outras preocupações tanto em termos de segurança, como em termos logísticos, facto que acabou por ser benéfico pois centrei as minhas atenções nestes pormenores, deixando-me mais descontraído, tendo começado a pensar a sério na prova, apenas na véspera aquando da visita à Expo-Maratona.

Com a companhia da família, na véspera e ante-véspera, menosprezei a prova. Pensei várias vezes que era preferível abdicar de fazer uma boa marca e fazer com que a minha mulher e os meus dois filhos usufruíssem desde a primeira hora esta deslocação, há tantos meses esperada, principalmente pelos meus filhos que era a primeira vez que visitavam Paris. Na sexta e sábado, não me poupei nada. Visitas e passeios em cima das pernas foi coisa que não faltou e apesar de as mesmas pedirem descanso para os dias seguintes, o prazer que aquilo me estava a dar, fez-me pensar que mais valia usufruir de tudo aquilo e esquecer a prova, não fosse a mesma correr mal e depois a família ter apanhado “seca” nos dias anteriores e eu vir embora desolado por ter tido uma má prestação e a família não ter gostado de lá estar. O lema foi aproveitar desde a primeira hora e fazer com que nas próximas vezes a família sentisse a mesma vontade de me acompanhar tal como aconteceu desta vez. Iria eu pagar a factura no domingo de manhã? Eu não estava preocupado com isso. O dia o diria.

O ACESSO À ZONA DA PROVA

Levantar-me às 6 da manhã e percorrer algumas ruas de Paris sozinho, apanhar o metro e sair numa estação de forma a me encontrar com os meus colegas de equipa, o Geraldino e o Jorge Oliveira, era algo de novo, era quase aventureiro, tal era o ambiente aquela hora, longe de ser afável e encorajador. No entanto, e apesar de eu estar ainda a 5 km da linha de partida e de a maratona não passar naquela zona da cidade, já se viam sinais da mesma, com atletas a dirigem-se para a estação de metro. Estar equipado numa estação de metro, não dá para passar despercebido. As pessoas olham-nos, sabendo quem somos, somos os que se vão aventurar pelas ruas desta cidade, com o objectivo único de chegar ao fim. Um homem com cerca de 30 anos dirigiu-se a mim na estação de Pigalle. Tinha um ar simpático, não me assustou. Bateu-me no ombro e disse-me apenas “Courage”. Eu não o conhecia nem nunca mais o iria ver. Imaginei-o como tendo sido um anjo da guarda que me apareceu ali no meio da madrugada. Eu bem que iria precisar dessa coragem.

Minutos depois já éramos três os atletas do Porto Runners, pois já estava com o Geraldino e o Jorge que cujo cancelamento do voo no dia anterior, quase punha em causa a sua participação. Felizmente tudo tinha passado e lá estávamos nós a caminho do Arco do Triunfo, já acompanhado por centenas de atletas que quase enchiam as carruagens do metro parisiense.

Algum frio à chegada não era incomodativo, chegamos aos Campos Elísios e as boas instalações do McDonald’s aconchegavam os atletas mais madrugadores. Era um bom sítio, pois era em frente à nossa partida, a cor amarela. Esperamos aí pelo nosso colega João Fortuna, queríamos dar-lhe os parabéns antes da prova. Ele completava 45 anos neste dia. Começou a ficar tarde e fomos à Av. Foch entregar as mochilas com os nossos pertences que levantaríamos após a prova. Grande confusão. Outra coisa não seria de esperar, milhares de pessoas a tentar fazer o mesmo. Felizmente estava tudo muito bem organizado com um posto por cada 1000 atletas, ou seja mais de 30. Saímos os 3 dali já com o tempo a causar algum stress, faltavam cerca de 10 minutos para o tiro de partida, com atletas a avançarem por cima dos jardins e sebes e tudo o quanto era árvores a servir de “toilets” para os mais apertados, nós incluídos.

Não foi difícil entrar para a nossa zona, onde caberiam cerca de 10.000 corredores. Faltava pouco mais de 5 minutos para partirmos e começam os atletas a livrarem-se das T-shirts, casacos, plásticos que os protegiam do frio. Era um espectáculo curioso de ver. Estes objectos a voavam em direcção aos passeios dos campos elísios. Mesmo assim, era impressionante a quantidade deste material que ficou no chão e que cuidadosamente tivemos que ultrapassar, aos quais se juntavam, sacos de comida, sumos e até cobertores. E nós por poucos passamos porque desde o tiro de partida até ao pórtico, percorremos a passo apenas cerca de 1 minuto e meio. Eu faço ideia o que iria lá para trás.

À FRENTE DO ARCO E ATRÁS DE UM SONHO

E ali estava um dos momentos mais esperados desde há alguns meses a esta parte, o tiro de partida e a música a entrar nas nossos ouvidos e corações: Chariots of Fire de Jean Michele Jarre. Só consigo encontrar uma palavra para descrever este momento: Arrepiante.

Eu sabia do perigo que havia em cair mas não resisti em olhar para trás, ao fundo o Arco do Triunfo que eu esperava ver pouco mais de 3 horas depois e 31.000 à frente do arco e atrás de um sonho que era terminar a 33ª. Maratona de Paris.

Cumprimentamo-nos os três desejando mutuamente boa sorte para mais esta aventura. O Jorge arrancou a todo o gás, contornando uma série de gente. Eu e o Geraldino seguimos mais devagar mas a bom ritmo, a minha preocupação era não o perder. O que eu menos queria era correr sozinho durante mais de 3 horas. Se o perdesse teria que arranjar outra companhia, o que não seria tarefa difícil, mas com o Geraldino eu sabia que estava bem entregue e apesar de saber que ele estava em muito melhor forma que eu, a minha estratégia para esta prova era conseguir acompanhá-lo pelo maior tempo possível.

KM 1 a 5

O primeiro grande monumento estava logo ali ao Km 1, o obelisco de Concorde, seguindo-se a passagem por mais 4 km em linha recta e plana, ladeada de hotéis, com muitos turistas a apoiar nas janelas e as primeiras bandas a tocar (seriam quase 90 durante toda a prova), deu para ouvir que era um pasodoble espanhol, com muitos olés pelo meio. Aqui ainda dava para apreciar a música. Á nossa direita vimos a Câmara de Paris e a catedral de Notre-Dame mais ao fundo. Mas o momento mais marcante deste percurso inicial foi um grupo de cerca de 10 pessoas vestidas de amarelo a empurrar um carro com um deficiente motor, que me pareceu também deficiente com paralisia cerebral. Lembrei-me por quem eu estava também a correr, “correr por quem não o pode fazer”. Mas estes eram muito mais corajosos do que eu, traziam para a festa a pessoa envolvida, revezando-se para o transportar até ao final, quase 40 km depois. Apeteceu-me chorar, ultrapassamo-los, bati-lhes palmas e disse-lhes um “Bravo”, ao que repetidamente diziam “merci”, pois muitos faziam o que eu fiz.

KM 5 a 10

Tínhamos acabo de passar o primeiro abastecimento líquido, muito bem sinalizado 200 metros antes, à direita e á esquerda, como aliás em todos eles. Eu sabia que tínhamos que ter muito cuidado. O abastecimento era bastante extenso e de fácil acesso, mas a confusão é sempre alguma, pois há sempre garrafas pelo chão, que se podem tornar perigosas. Eu abasteci-me, sem problemas e sem perder o Geraldino, preferiria não beber do que o perder. Já depois de Porte de Vincennes, encontramos o Mesquita e o Thierry, dois colegas de clube, iam com um andamento inferior ao nosso. O Mesquita queixava-se de uma dor, o que impediu que nos acompanhassem. Ficaram os dois. Eu e o Geraldino continuamos a cerca de 4,30/Km o que nos faria passar aos 10 Km com 46m30s. Era um tempo bom de mais para mim. Não me alegrava com o mesmo pois sabia que mais tarde ou mais cedo iria “pagar a factura”.

KM 10 a 20

Depois do abastecimento sólido dos 10 KM (onde torci um pé numa garrafa, mas que não viria a ser nada), entramos no Bois de Vincennes, um parque que tem tanto de verde como de bonito. Encontramos aqui o Jorge Oliveira, ao qual informei que estávamos com uma média boa e que iríamos tentar manter os 4m30s/Km. Ele confirmou pelo relógio e acompanhou-nos a partir daí, numa pequena descida que nos ajudaria a descansar. A tendência nas descidas é acelerar, mas eu evitava de o fazer apesar de o Geraldino alargar sempre a passada nestas alturas. Ele diz que é do peso  Agora éramos três o que sempre dá para animar. Um outro momento de ânimo foi o avistar da primeira bandeira portuguesa. Gritei alto: “Portugal” e ouvi um estranho apoio em francês. Estranhei mas não me importei. O Geraldino tinha-me fornecido há uns dias atrás literatura pormenorizada acerca do percurso da prova e aos 17 Km, avisavam que havia um ponto de dificuldade. Ele relembrou-me isso mesmo nesta altura e chegamos á conclusão que a dificuldade era uma descida, uma pequena armadilha para os mais inexperientes, que cheios de vontade poderiam “embandeirar em arco” e gastar aqui energias que viriam a necessitar mais á frente. Estávamos perto da meia maratona e junto do “pacemaker” (atleta que leva a sinalização do tempo com que irá terminar) das 3h15m. Combinei com o Geraldino em acompanha-lo até á meia maratona, pois seria um excelente ponto de referência para posteriormente nos localizarmos aquando do visionamento do vídeo da prova. O andamento era já algo rápido para mim e talvez pela mesma razão perdemos o Jorge que se deixou ficar. A sua experiência neste tipo de provas seria valioso e se ali resolveu abrandar, é porque tinha mesmo que o fazer. No abastecimento sólido dos 20 Km, deixamos o “pacemaker” fugir um pouco, dado que ele não se abastece, pois tem quem o faça por ele. Uns Kms atrás, chegamos à conclusão que os “pacemaker’s” não são sempre os mesmos, eles revezam-se, razão pela qual uns kms atrás íamos entre os 2 deles (que distavam cerca de 50 metros entre um e outro) e um pouco mais à frente, eles já eram 3, sem nunca nenhum deles nos passar e o de trás já lá não estava. Enfim, logísticas que nada interessam a quem segue a sua aventura. E eram tantos os aventureiros…

KM 20 a 30

Ainda o pórtico da meia maratona estava bem longe e já os gritos de incentivo do público se ouviam. Eram milhares de pessoas, anónimos e muitos familiares e amigos com cartazes personalizados em diferentes línguas. Desde “Allez Papa” ao simples “GO” e muitos com os nomes dos atletas que ali iriam passar. O facto de em alguns dos locais haver muita gente, tem muito a ver com o facto de a organização disponibilizar um mapa do percurso e as estações de metro que as servem. Aqui na meia maratona, para além de ser uma distância importante, pois estamos a meio da prova, era servida por 2 estações de metro, razão pela qual o público se aglomerava de tal maneira que antes de chegar ao local, pensei que iríamos ter dificuldade em passar. Até ao Km 30, apanhamos os célebres túneis, 4 ao todo com o primeiro com mais de 1 Km de extensão a custar a passar. Eram gritos, eram vivas, mas era acima de tudo um ar rarefeito e uma visibilidade algo reduzida com a qual estranhei e até me assustei. As luzes do túnel eram amarelas e projectadas das paredes. A certa altura fiquei com a sensação de estar a ver a preto e branco. Confesso que me assustei um pouco, eu sabia que os esforços por vezes causam deste tipo de coisas. Puxei parte da camisola até escassos centímetros dos meus olhos e lá estava o verde florescente das cores da Porto Runners e a bandeira portuguesa com as suas cores bem garridas. Tudo estava bem, excepção feita ao GPS do relógio, que como bem sabíamos, dentro dos túneis não fornecem informação nenhuma. A entrada e saída dos túneis tinham gente e mais gente. Era agradável descer os mesmos com as pessoas cá em cima sempre a gritar. Lembrei-me das imagens da última etapa da Volta a França em bicicleta que percorre estes túneis. Das próximas vezes que eu as visse, iria recordar estes momentos com toda a certeza.
Nesta longas distâncias divido as provas em dois ou três pontos essenciais, de forma a mentalizar-me e a cumprir os mesmos um a um. Temos que saber comandar a nossa mente. Como dizia o nosso colega de clube, o Armindo Gonçalves, uns dias antes quando treinávamos para esta prova, “podemos estar bem fisicamente, mas o que manda é o tejadilho”. Nesta altura o Armindo já estava bem mais à frente. Nunca o vimos durante a prova. Viria a acabar com um tempo extraordinário e recorde pessoal de 03h00m01s.

O meu primeiro objectivo estipulado para esta maratona estava aqui à saída do 4º. Túnel. Lá estava ela, a Torre Eiffel, símbolo maior da cidade e também o objectivo de turistas do mundo inteiro. Disse ao Geraldino: “lá está ela” apontado para a nossa esquerda. Ele não respondeu, raramente responde, eu costumo dizer-lhe para não responder mas que não se livrará de me ouvir. Normalmente falo muito durante as provas. Sei que não devo, mas distrai-me. Quem leu até aqui esta crónica, deve de estar a pensar que o facto de eu me lembrar destes pormenores, que estaria a rolar fresco como uma alface. Engano puro. Eu estava cansadíssimo nesta altura da prova. Em termos respiratórios eu estava muito bem, mas as dores nas pernas eram de tal forma que não estava a ver como é que eu ainda iria correr durante 12 Kms. O Geraldino impunha um ritmo vivo ao qual eu tinha dificuldade em acompanhar. Ele puxava e olhava para trás para ver se eu o seguia. Ele estava em grande forma e o facto de ter feito a maratona de Roma há três semanas atrás em nada o fazia abrandar. Eu sabia que mais tarde ou mais cedo o iria deixar fugir. Nem sequer era justo, nem eu me sentiria bem se ele deixasse de fazer um bom tempo só porque ia ali comigo. As dores na parte superiores das minhas pernas (coxas) eram tantas, que por várias vezes pensei em parar. Só não o fiz por medo de não conseguir depois retomar a corrida. Nos abastecimentos e nas esponjas eu molhava as pernas como que a anestesia-las. Até resultava mas era por pouco tempo.

KM 30 a 40

Entramos nos últimos 10 Km e em mais um belo Parque, o Bois de Boulogne. Não o achei tão bonito como o primeiro, talvez pelo cansaço, talvez por ter algumas subidas, não sei bem, sei que me deu mais prazer passar no primeiro. Ao longo de toda a prova foram dezenas as bandas que ao longo do percurso animavam os corredores e o público em seu redor. Desde Jazz a Rap, ritmos africanos a Rock, havia de tudo. Eram cerca de 90 bandas segundo diziam os dados da organização. Nesta fase da prova, não apreciei as bandas, sentimo-nos extenuados e queremos é que a prova acabe depressa. Para que ela acabe depressa, é conveniente andarmos mais rápido, mas nesta fase acontece precisamente o contrário. Muitos dizem e com razão que a maratona começa aqui nos últimos 10 Kms. Nesta altura vem tudo à nossa cabeça. Uma dessas coisas é como é que nos fomos meter nisto e que tão cedo não nos meteremos noutra. Claro que isto é temporário (no dia seguinte a esta prova, inscrevi-me na maratona de Berlim). A única coisa que eu agora queria era mesmo chegar ao fim e abraçar a minha mulher e os meus filhos que se encontravam junto ao Arco do Triunfo à minha espera. Isso sim seria um triunfo junto do monumento com o mesmo nome que comemora muitas vitórias para a nação francesa. Se eu aguentasse mais cerca de 45 minutos sem parar e ao ritmo que ia, poderia terminar esta prova com um tempo a rondar as 3h20m, o que seria muito bom para as minhas aspirações, bom não, excelente.

Apesar de não ter perdido nenhum abastecimento, resolvi por volta dos 32 Km, ingerir o gel energético que levava comigo. A 8 Km do final, não consegui mais acompanhar o Geraldino. Ele estava mesmo em grande forma e não sei se fui eu que abrandei de foi ele que deu mais um dos seus típicos esticões. O que eu sei é que perdi-o completamente. Dei-me por contente por ter aguentado até ali com ele. Fiz um esforço muito grande para o conseguir. Estava-lhe grato por isso e ao mesmo tempo contente por saber que ele ia a andar bem e que iria fazer uma grande prova. Meti na cabeça que agora estava por minha conta. Havia bastante animação por esta zona, não só pela música das bandas como pelos vários “stands” das várias maratonas de vários pontos do globo que aproveitam para divulgar as suas provas. Algumas até davam comida e bebida. Eu nestas não comia, não arriscava. Não como nem bebo o que não conheço. Nesta fase da prova há altos e baixos com muita frequência. Cansados estamos sempre e cada vez mais, mas a nossa cabeça é que não pára de pensar coisas e ora nos empurra as pernas para a frente, ora nos manda parar repetidamente. Mas parar era coisa que eu não queria. Pensei que seria um tremendo erro deitar por terra todo o esforço das últimas 14 semanas de treino, à chuva, ao frio e ao vento, de manhã ou à noite, roubando tempo à cama ou à família e se já tinha corrida durante 3 horas seguidas, porque havia de parar agora? Felizmente temos destes momentos lucidez que não sabemos de onde vêm. Eu julguei ser do gel energético que obviamente não me tirou as horríveis dores nas pernas, mas que talvez estivesse a fazer efeito a nível psicológico.

Tal como disse atrás, há muitos altos e baixos nesta altura, ninguém pode dizer que vai chegar ao fim e muito menos que tempo irá fazer. Ao Km 38, apanhei o Geraldino. Mais uma vez não percebi se ele abrandou ou se eu acelerei, mas pela análise que fiz posteriormente da prova (baseada em GPS), eu terei acelerado um bocado nesta altura. Ele ia cansado, mas nunca o aparentava. Seguimos juntos talvez mais 500 metros e ele disse-me que iria abrandar. Eu não estava menos cansado que ele mas não me estava a sentir mal naquela altura. Era uma ligeira subida, continuei na minha passada e de facto o Geraldino não me acompanhou. Faltavam 3 Km de grande sacrifício. Comecei a fazer contas de cabeça e vi que talvez desse para chegar ao final com 3h20m. Isto se chegasse ao fim, aqui ainda tudo pode acontecer. A prova disso é a impressionante quantidade de pessoas que eu passava, uns parados outros a andar, outros a contorcer-se com dores devido a cãibras. Eu tinha uma invulgar dor na parte anterior da coxa, que não seria mais que cansaço. Tinha medo que dali viesse cãibras. Poderia até ter acelerado um pouco, mas tinha medo. Não era outra coisa, era mesmo medo. Preferia assegurar agora a chegada ao final e um tempo que seria muito bom para mim.

KM 41 e 42, 195m

Abdiquei do abastecimento dos 40 Kms. Nesta altura a respiração já era ofegante e iria ter dificuldade em beber. Preferi evitar a confusão, seguir em frente e ganhar alguns segundos. Nos últimos quilómetros só se houve o público a incitar coragem e a dizer quanto falta para o fim. Toda a gente sabe que não vão ali campeões, mas gente que quer chegar ao fim, seja mais depressa ou mais devagar, o que importava era que a Av. Foch aparecesse o mais depressa possível. Tinha visto a prova do ano anterior e reconheci este último trajecto, com duas rotundas com o piso empedrado e com muita gente empunhando cartazes e gritando repetidamente o nosso nome. “Allez Vítor” e “Allez Portugal”, ouvi muitas vezes, fruto do nome no dorsal e dos símbolos nacionais que acertadamente resolvi envergar. Curiosamente estes dois últimos quilómetros pareceram-me passar mais depressa (penso que também andei mais rápido). Vi a placa dos 42 Kms e fiquei impressionado com a quantidade de pessoas que param a 195 metros da meta. As cãibras não perdoam. Se eu pudesse pegava naquela gente às costas e levava-os até á linha de chegada que eu já avistava. Olhei para o cronómetro oficial que estava sobre a meta e vi que conseguiria ainda chegar antes das 3h20m, o que posteriormente daria ainda menos de um minuto de tempo oficial. Fiz um sprint final de cerca de 100 metros e levantei os dois braços, com as mãos esticadas e os dois indicadores a apontar o céu. Esta já cá estava e com o tempo oficial de 03h18m27s.

AQUI OS VIP’S SOMOS NÓS

Apesar de aqui se processar tudo em grande, os atletas de pelotão são tratados como as verdadeiras vedetas do evento. A simpatia dos milhares de voluntários está á vista de todos. Os que entregam as medalhas, fazem-no como se cada um de nós fosse o primeiro a cortar a linha de chegada. Pormenores como o do retirar do chip da sapatilha não são deixados ao acaso. Numa altura em que nos apetece fazer tudo menos dobrar as costas para o retirar, lá estão umas filas de voluntários com um suporte (tipo engraxador) a retirar-nos o chip. No meu caso, em que o chip estava partido, tive que o prender no atacador. O voluntário retirou-me o atacador, tirou o chip e voltou a colocar o atacador tal como estava. Noutra altura acharia isto um exagero e pediria para não o fazer, mas naquela altura de tanto cansaço, sabe muito bem. Depois de receber a medalha, de receber um impermeável e de retirar o chip, são muitas as filas de caixas de fruta, frutos secos, bebidas isotónicas e tudo o que nesta altura se pode desejar. Não faltava nada e sem confusões. É certo que faltava passar por ali mais de 27.000 atletas mas pelo que eu via, iriam ser bem atendidos também. A organização para o reencontro com as famílias não foi deixada ao acaso. No final de Av. Foch, existiam letras bem visíveis, onde na letra combinada (P de Portugal) lá estavam os nossos familiares mortos por nos ver (e nós a eles).

NÚMEROS, QUILOS E LITROS IMPRESSIONANTES

Só para terem uma ideia das dimensões desta prova, aqui ficam algumas estatísticas oficiais da prova de 2008 (dados do site oficial da maratona):
– 28.261 corredores (31.373 em 2009)
– 94 países representados (dados de 2009)
– 200.000 espectadores (250.000 em 2009)
– 2 .700 voluntários
– 9 pontos de abastecimento (KM 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35, 40 e à chegada)
Nos abastecimentos foram fornecidos:
– 17.000 kg de bananas no percurso e 30.000 bananas à chegada
– 17.000 kg de laranjas no percurso e 30.000 laranjas à chegada
– 436.800 garrafas de água
– 2.000 kg de frutos secos
– 2.000 kg de cubos de açúcar
– 30.000 esponjas distribuídas
– 70 pontos de animação
– 50 veículos utilizados pela organização
– 6 postos de socorros + 1 posto de socorros/massagem 100 m depois da chegada.

CONCLUSÃO

Se é atleta de pelotão e pretende fazer uma maratona dita grande, não perca esta. Há alguns pormenores a ter em conta, como a data de inscrição (normalmente começam em Setembro e esgotam em 2 meses). Podem inscrever-se no site da prova (http://www.parismarathon.com) assim como acompanhar o nº. de vagas existentes, vídeos e fotos de edições anteriores, lista de inscritos, percurso, etc. É obrigatório um certificado médico, a ser enviado pelo correio ou entregue aquando do levantamento do dorsal na expo-maratona. Tenha em atenção ao alojamento e aos voos. A procura é muita e alguns lugares esgotam. Trate de tudo com bastante antecedência e não perca este momento inesquecível na sua vida de corredor.

CURIOSIDADES DA PREPARAÇÃO

Duração: 14 semanas
Quilómetros percorridos: 910
Nº. de treinos previstos: 70
Nº. de treinos cumpridos: 64 (91,4%)
Nº. de horas: 76
Locais: Porto, Matosinhos, e Vila Nova de Gaia
Equipamento: Sapatilhas Asics GT – 2130, relógio Garmin Forerunner 305.

VÍDEOS DAS MINHAS PASSAGENS

Videos

AGRADECIMENTOS

– Geraldino Silva pela experiência acumulada que sempre partilhou comigo, pela companhia nas horas e horas de treinos e pela preciosa ajuda durante toda esta prova.
– Fernando Melo pelas massagens
– Filipa Vicente (nutricionista da revista Sport Life e de CorrerPorPrazer.Com) pelas preciosas dicas em termos de alimentação
– António Mesquita, João Fortuna, Armindo Gonçalves e Jorge Oliveira, pela forma organizada como fizemos os treinos longos das manhãs de domingo.
– A todos os que contribuíram para a campanha solidária “Correr por quem não o pode fazer”.

AGRADECIMENTOS ESPECIALISSIMOS

Ana, Gonçalo e Francisco. Nada disto teria sido possível sem a vossa ajuda. Mais uma vez vocês foram os grandes sacrificados pelas horas e horas de ausência minha. Mesmo assim, acompanharam-me sempre nesta minha caminhada, acompanhando-me também na viagem. Durante a prova, nos momentos de maior sofrimento, eu apenas queria pensar que vocês estavam no final à minha espera e eu só queria que esse momento chegasse depressa. Felizmente ele chegou e por muitos anos que eu viva, nunca me irei esquecer das vossas três caras de felicidade e orgulho, à frente do cenário de um arco que se dá pelo nome de triunfo. E que triunfo foi este…

Porto, Abril de 2009

Artigos Relacionados

Vitor Dias
Vitor Dias
Autor e administrador deste site. Corredor desde 2007, completou 65 maratonas em 18 países. Cronista em Jornal Público e autor da rubrica Correr Por Prazer em Porto Canal. Site Oficial: www.vitordias.pt

58 COMENTÁRIOS

  1. Caro Vitor

    Gostaria de o poder fazer pessoalmente, mas como não me tem sido possível comparecer aos treinos, cá estou eu mais uma vez para te felicitar pela coragem e determinação destas longas aventuras. Confesso que estava curioso por esta tua crónica que nos deixa com vontade de experimentar uma primeira vez. Quando me iniciei há dois anos, tinha projectado 2011 para fazer a de Paris, mas com os teus relatos e incentivos dos demais Porto Runners, estou tentado a antecipar a minha estreia.

    Parabéns a todos os Porto Runners presentes.

    Um abraço

    J.Nogueira

  2. Parabéns Victor

    Que lindo relatorio dá mesmo para sonhar todos os Km que tu relatas da mesmo muitas saúdades. Mais uma vez parabéns assim como para o resto dos colegas que chegaram o fim e bém e que foi o mais importante

    beijos
    Conceição

  3. Grande Vítor,

    São relatos assim que motivam os outros a correr e sonhar.

    Apanhei Paris a meio, conta com a minha ajuda para Berlim. Para já toca a descansar as pernas.

  4. Parabéns Vítor!!! Estes relatos são verdadeiramente emocionantes!
    Continuação do excelente trabalho, boa recuperação e já agora…bons treinos para Berlim!
    abx

  5. caro Vitor
    Esse seu relato,faz com quem esta deste lado e goste da corrida,sinta a “necessidade” de a experimentar. PARABENS
    ArtuRodrigues

  6. Amigo Vitor:

    O prazer de correr convosco não termina nos treinos, nem mesmo nas provas ou na análise pessoal das mesmas. Continua permanentemente seja com brindes de aniversário, seja com confraternizações por memória dessas provas , seja com presentes como esta descrição que deliciam quem experimentou sensações semelhantes e despertam a curiosidade de quem nunca as viveu mas deseja guardá-las nas suas memórias para um dia as poder reviver. Provavelmente não te aperceberás que não só corres por quem o não pode fazer, mas escreves para que muitos não morram sem se terem sentido vivos alguma vez. E o desafio que lanças no teu blog irá contribuir para que estes potenciais atletas venham a concluir já quando as suas pernas não o ajudarem a andar, que estão prontos a partir desta maratona que é a vida de todos nós e que importa terminar com a mesma satisfação com que terminamos cada uma das nossas maratonas. Com a sensação de dever cumprido apesar de todo o sofrimento. Afinal não será este que nos faz apreciar a vida?
    Continua com o teu espírito de missão. Nunca te arrependerás de ter escolhido este percurso.
    Parabéns ao blogger, obrigado ao amigo.

  7. Caro Vítor,

    Como bem sabes, deliciei-me com a espectacular descrição que fizeste aquando da tua primeira experiência tida ao nível de 1ª Maratona que efectuaste apenas há 6 meses na nossa Muy Nobre e Leal Cidade Invicta / o PORTO é uma NAÇÃO !!!

    Por isso, e porque te acompanhei grande parte do percurso efectuado em Paris, era com alguma curiosidade que aguardava o teu relato, pois queria ver até que ponto te tinhas distraído muito ao longo do percurso, pois que não paraste de falar e de chamar a atenção p/ diversos pormenores por onde íamos passando, nomeadamente nos primeiros 30 km que fizemos, antes de verdadeiramente começar a prova !!!

    Mas o facto é que tal não te fez mal algum, bem pelo contrário, pois que te aguçou a memória e inclusivamente manteve e reforçou mesmo a força e concentração na prova, como bem provaste no final !!!

    Sem sombra de dúvidas, tenho a certeza que relatos como os teus, nomeadamente este de Paris e o anterior da Maratona do Porto, incentivam muito mais à prática desportiva em geral e à sã convivência entre colegas de profissões diversas e diferentes faixas etárias, do que quaisquer coberturas telivisivas de eventos desportivos, que não contêm nem podem conter ou descrever as emoções, vivências, lutas, desânimos, forças e falta delas, bem como a enorme alegria no final de cada um conseguir superar-se, dando-nos a possibilidade acrescida de um melhor conhecimento de nós mesmos e uma melhor preparação na vida para superar quaisquer adversidades, sejam elas de que tipo forem !!!

    De ti não contava outra coisa, foste fantástico na prova, mas o exemplar que deixas dela é sem dúvida o bem mais precioso da mesma, sendo mais uma DESCRIÇÂO ESPECTACULAR DE UMA PROVA e que seguramente serve e servirá para muitas outras pessoas aderirem tb à prática desportiva, tendo como lema principal, melhor saúde, e por isso, deverem correr principalmente por prazer !

    Os meus sinceros parabéns !

    Geraldino Silva

  8. Vitor,

    Muitos parabéns pela bela prova que fizeste e pelo resultado alcançado. Ou melhor, resultados alcançados, pois estou certo de que, para além daquele que o cronómetro ditou, a vivência da prova e as emoções que sentiste te preencheram enquanto pessoa.

    Apesar de extenso, li o teu relato “pregado” ao ecran do princípio ao fim, tal a força com que o mesmo descreve a prova e esses sentimentos!

    Mais uma vez, parabéns!

    abraço
    MPaiva

  9. Olá Vitor,

    Depois de ler todos os comentários anteriores pouco mais tenho a crescentar, apenas quero dizer-te que é motivante ver como fazes as coisas acontecer.

    Um Abraço a ti, extensível aos restantes companheiros

    José António

  10. Parabens Vitor.
    É com uma ponta de inveja que li este relato da Maratona de Paris, por momentos quase consegui ver-me a correr. Emocionei-me com o relato espetacular da Maratona do Porto, que tambem para mim foi estreia e rivi-me em cada passo da narrativa. Acabei com o tempo de 3:15 o que significa que teremos andado bem perto durante kms. Continua a fazer-nos chegar estes relatos, fico á espera do da Maratoma de Berlim. Um abraço.

  11. Caros

    É um grande prazer correr a mítica distância, principalmente para quem, como eu, começou a correr há 1 ano e meio.

    É um grande prazer partilhar convosco os momentos de alegria e sofrimento na referida prova.

    É motivador ler os vossos comentários, estando certo da responsabilidade que os mesmo me dão para futuros relatos.

    É ainda mais motivador, se estes relatos motivarem outras pessoas a correr, como alguns de vocês dizem. Esse sim será o melhor prémio, melhor do que qualquer certificado ou medalha.

    Obrigado aos que me ajudaram a cumprir mais esta etapa da minha curta vida desportiva e obrigado aos que mesmo não os conhecendo, me estipulam a continuar.

    Cumprimentos

  12. Mais uma vez PARABÉNS Vitor,

    – Pela tua 2ª maratona e recorde pessoal.

    – E pelo teu relato da prova!

    Há dias que esperava ansioso por este teu relato para relembrar a minha também 2ª maratona no ano de 2006.
    Consegui visualizar os 2 bosques e lembrar-me das mesmas sensações que tiveste durante a prova. O passar pelos funis de pessoas em vários pontos das provas onde era impossível ultrapassar alguém. Numa dessas passagens tive a tentação de pegar numa fatia de bolo para meter a boca, asneira completa porque é quase impossível engolir algo tão seco.
    O famoso túnel aos 30 km que tem tanto de bonito como de sinistro. A animação das bandas. O apoio do público que nos últimos km gritam o nosso nome “Allez …” e só conseguia erguer uma mão para agradecer.
    Até o chegar a meta com o objectivo principal cumprido: terminar mais uma prova.

    Deixo aqui também os parabéns aos restantes colegas que participaram nesta aventura.

    Desejo-te uma boa recuperação e fico a espera de mais um relato em Setembro para sonhar…

    Um abraço,

    Carlos Rocha

  13. Grande Vitor,
    Deliciei-me a ler o teu excelente relato. És um exemplo que, não tenho qualquer dúvida, influencia e entusiasma o mais sedentário. Dou-te os parabéns por isso, e também pelo tempo que conseguiste. Fazer 3h18 na 2ª maratona é um feito digno de registo. Curiosamente, também foi em Paris (em 2003)que fiz a minha 2ª maratona, embora com um tempo mais modesto – 3h39. Já estou inscrito para Berlim, pelo que vou ter o enorme gosto, e previlégio, de correr contigo.
    Um grande abraço!

  14. Vitor,
    Muitos PArabens!! Só quem já fez, percebe o quão impressionante está a tua descrição pormenorizada da prova. A quem nunca fez, recomenda-se!!

    Parabens!! e continua a correr com papel e caneta!!

  15. Amigo:

    Pelas mensagens atrás está tudo dito.

    Dou-te os meus sinceros parabéns e desejo-te as maiores felicidades para os futuros desafios a que te vais candidatar.

    Um abraço,

    Pedro Teixeira

  16. Quem corre por gosto não cansa….
    como tb não cansa ler as tuas crónicas….
    A principal nota q tiro de tudo isto é que nunca é tarde para lutarmos pelos nossos objectivos, e é nessa força que no nosso “eu”, nos sentimos a pessoa mais feliz deste mundo, em proezas que valem o que valem…mas q são nossas são por aquilo que “corremos”…
    1 forte abraço, e prometo não mais perguntar em q lugar ficaste….
    heheheh

  17. Vitor

    Os meus parabens pela magnifica corrida, pelo maravilhoso relato que nos transporta para aqueles lugares e finalmente pela sensibilidade com que relata passo a passo toda a vivência de correr uma maratona (quase chorei).
    A partir deste momento o meu respeito e admiração pelos atletas é concerteza muito maior, obrigada.

  18. Vitor

    De facto, tenho de te dar os parabéns foi fantástico, eu chorei mesmo muito. Para quem corre por prazer estás a sofrer em demasia à chuva, ao frio e ao vento e a dar muito valor aos tempos.
    Chorei ainda mais na parte em que deixas o teu grande amigo Geraldino para trás na parte final, foi o agradecimento pelas horas de treino e de experiência que passaram juntos.

    Um Grande Abraço

    PS: Ainda estou a limpar as lágrimas

  19. Olá Rui Costa

    Pensei bastante antes de responder ou não ao teu comentário. Como autor deste espaço, achei que o deveria fazer.

    É sempre um prazer ter como visitante deste espaço, o mais veloz corredor da Porto Runners – Clube de corrida, que é como que dizer o melhor corredor.

    Fica descansado que não tenho como pretensão fazer-te sombra, pois nunca conseguirei ter tempos como os teus, seja em que distância fôr.

    No entanto, lamento que sejas apenas o mais veloz. A forma como me relaciono com toda a gente, a forma profissional como encarei este projecto e o rápido crescimento do mesmo, é algo que causa invejas, que não me incomodam e às quais já estou habituado a “dar o peito às balas”. Mais tarde ou mais cedo eu contava com elas. Elas ali estão.

    “Quem faz sempre as mesmas coisas, não espere resultados diferentes”.

    Lições de amizade, gratidão e companheirismo, não vens tu dar-me.

    Não vou dizer que tenho mais amigos que tu, que sou mais grato e companheiro porque te conheço mal, mas digo-te que terás que ter estas três virtudes em doses muitos grandes, porque me orgulho de ser e de ter tantos amigos que todos juntos a correr, dariam um pelotão maior que muitas provas que conhecemos por este país fora.

    Bons treinos e boas provas.

    Cumprimentos

  20. Caro Vítor,

    Julgo que não nos conhecemos, pois já saí do Porto em 2007, no entanto, com ex-corredor do PortoRunners, gostaria de ter dar os meus sinceros parabéns pela excelente crónica e pelo belíssimo tempo obtido nesta tua 2ª maratona.

    Apesar de ainda não ter corrido em Paris, pela descrição que fazes, tenho a certeza que irás gostar ainda mais de Berlim. É sem dúvida uma prova magnífica (foi a minha 1ª Maratona em 2003), muito rápida (actual recorde da Maratona com 2:03:59)e digna de pertencer ao selecto grupo das Five Majors (Londres, Boston, Berlim, Nova Iorque e Chicago). Já agora, depois de Berlim aconselho-te vivamente a fazeres Londres… sem dúvida a Melhor Maratona do Mundo.

    Um abraço e, se vieres até S.Miguel (Açores), liga para combinar-mos um treino juntos.

    RicardoCB

  21. Vitor

    Parabéns, estás duas vezes de parabéns.
    1º- Por todo o sacrificio de treinos e maratona.
    2º- Pelo relato que fazes da mesma.
    A tua descrição da maratona dá força aos indecisos e muito orgulho aos que como tu correm por gosto.
    Mais uma vez parabéns e continua, continua a fazer o que mais gostas e a dar-nos os teus relatos.
    Quanto aos chorões, não ligues, são pobres e doentes não sabem o que dizem.
    Um abraço

    Veloso

  22. Olá Vitor

    De facto, não me deves conhecer.

    Eu nunca me intitulei “o mais veloz corredor da Porto Runners – Clube de corrida”, isto são palavras tuas.

    O que corro, mais devegar ou mais depressa, não é a procura de tempos ou marcas, nem para ficar à frente de ninguém, é pelo simples prazer que a corrida me trás.

    Não sei em que projecto é que estás, nem tão pouco sei se cresceu muito ou não, uma coisa que não devias de fazer é a de usar o nome “Porto Runners – Clube de Corrida”, é uma instituição que tem a sua identidade própria e como sócio devias respeitá-la e não usá-la em benefício próprio.

    Se fazes má digestão das críticas, que tu entendes que te são negativas, então deves tomar uma pastilhinhas para a azia.

    De qualquer maneira, desejo-te as maiores felicidades.

  23. Olá Rui

    > Eu nunca me intitulei “o mais veloz corredor da Porto Runners – Clube de corrida”, isto são palavras tuas.

    Não precisas de te intitular. Os resultados falam por si.

    Quanto ao falar na “Porto Runners – Clube de Corrida” não é desrespeita-lo ou desprestigia-lo. Antes pelo contrário, quanto mais falarmos (bem) dele mais prestígio o mesmo terá, como bem merece.

    Quanto ao benefício próprio, de facto tenho tirado bastante do mesmo. Nele muito tenho aprendido e principalmente conhecido gente fantástica que reúne os mesmos objectivos que eu.

    Aliás é para isso mesmo que servem os clubes e associações.

    No entanto, nem a PR nem os leitores deste local terão que nos ver a trocar “ideias” quase de índole pessoal, pelo que o meu comentário a este artigo fica por aqui.

    Desejo-te bons treinos e que continues a correr por prazer.

    Cumprimentos

  24. Vitor

    Não sei se consegues entender, mas esquece os resultados, principalmente os meus. Não me são importantes, nem me dizem nada.

    Um abraço.

  25. Caros amigos,
    Vítor e Rui Costa !

    Não é muito normal eu participar em foruns na net a emitir comentários àcerca de algo, apesar de ter o máximo de respeito e consideração por todos aqueles que o fazem, desde que salvaguardados os princípios básicos da boa convivência e respeito mútuo pelas opiniões críticas de cada um, não devendo as mesmas atentar ou extravasar para além dos limites que os assuntos em questão encerram !

    Porque durante o dia de ontem estive ocupado em dar brilho ao orgulho de pai “babado” ao acompanhar a festa de curso de um dos meus filhos, que constitui sempre um marco na vida de cada um, a saudar e acarinhar devidamente (neste caso era a minha obrigação!), nem que seja pela ilusão e magia que esse momento único significa na vida de qq jovem,

    pelo que só hoje ao final da manhã me apercebi de uma significativa “diferença” de opinião entre 2 óptimos colegas e amigos que muito estimo, o Rui Costa e o Vítor Dias, relacionada com o relato da experiência deste último vivida na 33ª Maratona de Paris – 5 Abr´2009 (cuja adjectivação pessoal reitero sem qq reservas com palavras tais como, EXTRAORDINÁRIA, ESPECTACULAR, EXCELENTE, etc… com pontuação de 20, numa escala de 0 a 20 !!!, e podendo serem inclusive um factor de motivação extra a um possível aumento dos praticantes das modalidades desportivas, caso relatos como este sejam acedidos à leitura em grande escala !!!), e apesar do dito “diferendo” já ter sido dado por terminado por ambos, não quero deixar de registar de emitir um pequeno registo extra:

    O pouco que conheço de ambos, permite-me dizer e tansmitir o feeling (modéstia à parte, a experiência deve servir p/ qq coisa, e já no serviço militar se dizia que a antiguidade era um posto !) de que estamos em presença de 2 vencedores natos por natureza, mas que apresentam e têm percursos e formas diferentes de estar e de actuar na forma de atingir os seus objectivos !

    No caso do Vítor Dias, se mais fosse necessário, bastar-me-ia ter visto como vi em Paris, o intenso brilho de alegria nos seus olhos e em ambos os seus filhos, aquando do abraço ao pai no final da prova, para se perceber que se estava e está em presença de um homem correcto, e que, independentemente dos seus objectivos, sabe estar e conviver de forma saudável com os seus amigos, que eu reconheço serem já muitos !

    O caso do Rui Costa, que sabe bem a admiração e estima pessoal que tenho por ele, que lhe reconheço imensas virtudes, sendo sem dúvida uma delas compartilhada apenas, na minha modesta opinião, por menos de 5% da sociedade em que estamos inseridos, e que é a de não ser hipócrita, e de dizer aquilo que pensa e que lhe vai na alma, pelo menos naquele momento, mas por vezes, com esta atitude, sem ponderar primeiro o que estamos a dizer e sobre que assuntos falar, poderemos magoar quem afinal queremos bem, e eu acredito sinceramente que o Rui Costa e o Vítor Dias, sempre foram, são e vão continuar a ser uns grandes amigos, independentemente dos seus projectos e percursos pessoais e/ou profissionais !!!

    Um abraço a ambos, ao Vítor Dias e ao Rui Costa !

    As m/ desculpas por ter saído um pouco do tema, que era apenas e só comentar ums ESPECTACULAR VIVÊNCIA DE UMA MARATONA atrvés dos olhos de um corredor de pelotão, neste caso, o meu colega Vítor Dias !

    Geraldino Silva

  26. Caro Geraldino

    Já estou a ver que se não sou eu tu não escreves nada.

    Não consegui entender o ponderar primeiro o que estamos a dizer e sobre que assuntos falar.

    Mas de qualquer maneira deixa lembrar-te que estamos num país livre.

    Somente quem tem mentalidade pequena é que se deixa levar pelo que eu digo ou escrevo.

    De qualquer maneira continuem, que eu ainda não parei chorar … a rir, claro!

  27. Parabéns Vitor. Quando li o teu resumo comecei a relembrar a minha Maratona de Paris em 2006 (a melhor em que já participei).
    Achei curioso que também corria há 1 ano e meio … e mais curioso, ainda também fiz 3:18.

    Continua com este espírito e força de vontade.

    Um abraço
    Telmo

  28. Vitor,

    Não te conheço mas quero deixar aqui expresso os meus parabéns pela tua maratona e pela crónica que fizeste.
    Só acho que estiveste menos bem ao insinuar que o Rui é um invejoso e que te tenhas vitimizado com a história de “dar o peito às balas”.
    Acho que baixaste o nível que mantinhas no teu site de uma forma desnecessária.
    Se é verdade que o Rui poderia mandar os mesmos recados de um modo mais simpático, não é menos verdade que ele demonstrou não ser hipócrita dizendo o que pensa de uma forma muito directa.

    Bons treinos,
    João Silva

  29. Faço das palavras do João as minhas.
    Um homem que diz estar habituado a “dar o peito às balas” e que se sente invejado pelos outros só pode ser, no mínimo, arrogante e convencido…

    Miguel Valente

  30. Vamos acabar com isso. Já está a passar dos limites…
    Pelo que percebi do e-mail que ele me enviou, o vítor já se arrependeu pelo que fez.
    Deixem lá o homem em paz.
    João silva

  31. Primeiro que tudo quero felicitar o Vitor Dias pela sua maratona que aqui relatou de forma excelente, transmitindo-nos o filme e as emoções vividas e que me lembrou as que eu próprio vivi em 2002.
    Porém, foi noutro local (AMMA) que li o relato há uns dias atrás e só agora vi os comentários que aqui foram feitos. Confesso, fiquei surpreendido por ter surgido a ironia desnecessária. E é de uma grande nobreza da parte do Vitor, não ter censurado a entrada de comentários hostis (que poderia ter feito) optando por responder, reconhecendo, no entanto, que “tal debate” deveria ser feito em privado.
    Não conheço o Vitor ( a não ser pelos bons sinais que revela nos seus escritos) e não conheço o Rui Costa. Mas como disse o Geraldino, são ambos óptimas pessoas. Não duvido disso. Mas…oh Rui, uma “piada de gosto duvidoso” quando escrita publicamente, assume proporções maiores que as desejadas e o resultado não é bom. De ambas as partes, estou convencido que haverá a sabedoria suficiente para desvalorizar este incidente, deixando-se que o Vitor continue a “saborear” esta jornada memorável.
    Grande abraço.
    FA

  32. Viva…

    Mais uma vez fiquei fascinado por essa prova , mas muito para além das minhas capacidades físicas…pelo menos por enquanto.Um relato deveras interessante e com uma importante contribuição para quem mais necessita. Um abraço e continuação de boas corridas.

  33. grande victor
    fiquei imprecionado com o relato que fazes
    atua maratona de paris.
    quanto ao resto nao ligues continua tu a que
    estas no caminho certo consegues mobilizar mais
    pessoas para a pratica desportiva
    um abraço f.melo

  34. Parabéns pelo resultado espectacular obtido.
    A descrição da prova está perfeita.
    Força para continuar!!!

  35. Parabéns Vitor!

    O seu relato emociona!

    Continue a (d)escrever as suas provas e qualquer dia tem material para um bom livro… a sério!

    1 abraço e boas corridas.

    Msimoes

  36. Parabens Vitor. Estou a trabalhar e não me posso emocionar muito.Gostaria de lhe enviar um abraço e dizer-lhe que fiquei muito feliz ao ler este fabuloso relato.Continuação de bons treinos,provas e escrita.

  37. Li o “vastíssimo” relato dessa Aventura em Paris, e não parei, até que o Vitor “chegasse” à Meta!

    Foram “42,195 kms” de leitura hipnotizante, numa ESCRITA que fascina, tanto na descrição como na informação, quer da Maratona quer da Cidade.

    Depois de se ler uma “Aventura” destas, sentimos o “bichinho” a empurrár-nos para a Inscrição da Prova em 2010, mas claro … “isto” não é para quer quer, é para quem pode, e se eu fosse um destes últimos, Paris estaria “nos meus pés”, em Abril próximo!

    Confirmando o que outros comentaram, este relato chega a “emocionar”; Paris é uma Cidade maravilhosa, e o VITOR descreve-a na perfeição, tal como eu a vejo.

    Pela Maratona e pela escrita “conseguida”, Parabéns!

    PS. – Quanto não dariam alguns “Escritores”, para escrever assim!

  38. Olá Joaquim

    Obrigado pelas suas palavras. Espero no próximo domingo, na Maratona de Berlim, sentir as mesmas sensações e conseguir aqui descreve-las.

    Cumprimentos

  39. Boa Noite,

    Desculpe-me pela invasão de privacidade, mas gostaria de obter informações acerca de sua experiência, na Maratona de Paris, pois pretendo participar do citado evento em 2010, e estou preocupada, com vários pontos, sejam de ordem econômica, operacional e emocional. Queria saber, primeiramente, acerca do atestado médico, isto é, se é para mandar uma cópia para a organização, ou se é para apresentar tão somente na entrega do kit. Queria saber se é preciso encontrar-se filiado a uma federação de atletismo para participar da prova e acima de tudo se o percurso é complicado ou fácil.
    Obrigada pelo espaço.

    Maria Helena.
    Fortaleza-Ceará
    Fone: (85) 88563736/31013568/31013563

  40. Olá Maria Helena

    Antes de mais, quero agradecer o seu comentário. Não está a invadir privacidade nenhuma, aliás este espaço é destinado à partilha de experiências e para tirar dúvidas, como é o seu caso.

    Para participar nesta grande maratona, não precisa de ser filiada em nenhuma associação ou federação. Quanto ao atestado médico, ele terá que ser passado nos termos que a Lei francesa exige. No site oficial tem o modelo do atestado, basta imprimi-lo e o seu médico assina-lo. Penso que o pode entregar ao levantar o kit, mas o melhor será envia-lo pelo correio e a sua inscrição será logo confirmada no site oficial.

    Tenho a certeza que se participar nesta prova não se irá arrepender de forma alguma.

    Caso tenha mais alguma dúvida, é só dizer.

    Cumprimentos

  41. Parabéns Vitor
    Um excepcional testemunho do Atleta e do Homem que viu e sentiu muito para além da dureza dos 42 Km do percurso.
    A tua Família deve estar muito orgulhosa de ti
    Parabéns

Comentários estão fechados.

NÓS NAS REDES SOCIAIS

115,049FãsCurtir
8,418SeguidoresSeguir
1,473SeguidoresSeguir

ARTIGOS MAIS RECENTES