...

Em que lugar ficaste?

Esta é a pergunta mais irritante que um atleta de pelotão pode ouvir. Se não concorda comigo, você não é um verdadeiro atleta de pelotão.

A pergunta é típica vinda de quem não corre nem nunca correu e que só sabe que há corridas porque o primeiro ministro participou em determinada prova e que por essa razão foi notícia de telejornal.

São colegas de trabalho, os gordos do seu prédio ou alguns familiares onde se destacam os cunhados 🙂

Ora andamos nós a correr, à procura de melhor saúde, arranjar novos amigos, conhecemos novos sítios para treinos e provas, conhecemos melhor a nossa cidade e vêm estes “cromos” perguntar em que lugar ficamos em determinada prova. Será que eles não vêem que se a nossa preocupação fosse essa, seria ridículo com a nossa idade tentar um lugar cimeiro na lista de atletas consagrados? Será que eles não vêem que o nosso adversário é porventura o relógio e que a nossa posição na tabela classificativa depende sempre mais dos outros do que de nós? Se há muita gente e atletas muito bons, mais para trás ficamos…

Nunca (refiro-me aos gordos e cunhados 🙂 ) ninguém me perguntou se a prova me correu bem e se cumpri com os objectivos que inicialmente tracei.

Falta-lhes conhecimento acerca do que é o mundo do atleta de pelotão, o que se compreende pois é um fenómeno ainda embrionário no nosso país, quando comparado com outros países e com aquilo que iremos ser num futuro muito próximo.

Deixem-nos correr pelo prazer que isso nos dá e continuem sentados em frente à televisão em vez de pôr o coração a trabalhar como deve de ser.

Lembrem-se apenas que “mais vale morrer saudável que doente”.

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Vitor Dias
Vitor Dias
Autor e administrador deste site. Corredor desde 2007, completou 65 maratonas em 18 países. Cronista em Jornal Público e autor da rubrica Correr Por Prazer em Porto Canal. Site Oficial: www.vitordias.pt

14 COMENTÁRIOS

  1. excelente! muito bom mesmo.
    (uma sugestão menor: corrija o título, que não tem -, é “ficaste”)

    Um abraço, e continue este magnífico blogue.

  2. Efectivamente, para mim, atleta de pelotão, tem muito mais valor uma boa marca que um bom lugar.

    Por exemplo, 10 atletas classificados, obtenho o terceiro lugar (lugar de pódio) com 1h35 à meia maratona Vs 1000 atletas classificados, sou classificado em 753º com menos de 1h30m (objectivo à partida). Não há palavras para a minha satisfação. O meu adversário é o cronómetro!

    Quanto aos cunhados, amigos e colegas: isso também acontece comigo. Chegam a dizer “ é pá, a carrinha até vem de lado com tantos prémios!” ao que eu, algumas vezes respondo: o melhor prémio que eu recebo, é poder “andar” lá no meio e chegar ao fim, e muitos que estão no hospital não se importavam nada de ficarem atrás de mim!

  3. Olá Orlando

    “… e muitos que estão no hospital não se importavam nada de ficarem atrás de mim!”

    Pois… Só damos valor verdadeiro valor a uma coisa quando a perdemos. Se hoje conseguimos andar ou correr, não sabemos o que o futuro nos trará. Por isso, há que dar uso ao que temos.

    Bons treinos e boas provas.

    Cumprimentos

  4. Olá Vitor
    Por acaso essa é a pergunta que ainda hoje me irrita mais, pois sei que vem,não só,dos gordos e cunhados mas de todos os “analfabetos” da corrida, sabem lá eles o que é tentarmo-nos superar a nós próprios.
    Aproveito para te desejar uma excelente Maratona de Paris.
    Abraço
    Paulo Rodrigues

  5. Boa tarde, é a minha primeira intervenção neste excelente local de treino!
    Aproveito para dar os parabéns ao Vitor Dias pelo magnífico trabalho que nos oferece!
    Eu estou a começar a dar os primeiros passos na corrida (por prazer), e foi aqui que comecei a fazer o aquecimento!

    Quanto ao assunto…”O que importa é ir à luta com determinação, perder com classe e vencer com ousadia, pois o triunfo pertence a quem se atreve!”

    Eu atrevo-me, e tu?

    Um abraço

  6. Não digo que a pergunta me “irrite”, mas lá que é reveladora de um distanciamento gigantesco da realidade das corridas. Para quem a faz, só faz sentido correr se se ficar nos lugares cimeiros! Os outros “deviam ter vergonha de lá andar”! Tipo “para fazer o que tu fazes não vale a pena lá pôr os pés”.
    Trata-se de um problema cultural que demora a ser resolvido. Para essas pessoas, a corrida ainda não é considerada como “exercício” mas sim “competição”.
    Não sabemos o tempo que vai demorar, mas o importante é que a nossa parte seja feita.
    Amigo Vitor, obrigado por ter trazido o tema à reflexão de todos.
    Grande abraço.

  7. eu sou um atleta do pelotao. o lugar nao me entreça ,mas tento fazer sempre o melhor.tento fazer novas corridas .maratona de lisboa 2005-maratona do porto 2006 meia maratona da nazare, meia de ovar,meia lamego, meia de viseu ,meia de matosinhos.meia do porto.meia de s tirso.meia de foz coa,meia da povoa de varzim.meia de viana.meia de ponta delgada,pico e outras mais um abraço para todos os atletas amadores do mundo
    lima

  8. antes de mais quero dar os parabens pelo vosso site,sou atleta de pelotao e tambem ja´passei muitas vezes pelo mesmo,ate´ao ponto de colegas me dizerem corre burro,ou ai vai o burro a correr.mas vindo de quem vem,pois sao pessoas bastante espacosas e que nao ligam nada a’saude ainda me da’mais alento para correr mais. um abraco desportivo Luis Martins

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